Da Redação – É preciso entender o feriado do dia 20 de novembro, que a lei o definiu como Dia do Zumbi e da Consciência Negra no Brasil. Hoje, dia 20 de novembro de 2024, é o primeiro ano desse feriado.
A história narra o sofrimento que o povo negro teve, e ainda continua tendo no Brasil. Claro, nos últimos 50 anos tem havido progresso nas conquistas sociais dessa população, mas que ainda é hostilizada, renegada em muitas ocasiões.
Para exemplificar bem isso, vá a uma conferência de juízes, digo, da magistratura, verás que, talvez 10 ou 20% dos que ali estão são negros, de origem eminentemente negra. Segue a um congresso de médicos, a mesma situação, talvez pior.
Mas se for a um estaleiro, a uma obra de construção civil, digo na construção de um prédio, onde por exemplo tenha 300 trabalhadores, 90% são pardos e negros.
Isso ocorre porque os negros não tiveram acesso a boas escolas, a boas faculdades, pois a origem da pobreza, do racismo implacável levou essa população a condição de terceira ou quarta classe.
Mas isso está mudando, a passos ainda muito lentos, mas já floresce um poco mas de esperança para o futuro.
O Brasil é o país com a maior população negra fora do continente africano. De acordo com o IBGE, somos 110 milhões de pessoas negras no país. Porém pouco sabemos sobre a história negra no país de contribuição e formação da sociedade brasileira.
Vamos aqui falar sobre o Dia Nacional da Consciência Negra, que é celebrado no Brasil no dia 20 de novembro.
As celebrações referentes a Consciência Negra surgiram nas lutas dos movimentos sociais contra o racismo na metade da década de 70. O pesquisador Oliveira Silveira foi um intelectual e ativista do Rio Grande do Sul, que escreveu sobre a história do negro no Brasil e identificou que a data da morte de Zumbi dos Palmares, 20 de novembro, tinha requisitos que apresentavam orgulho para a população negra.
Junto com outros ativistas, mobilizaram o movimento negro e sugeriram esse dia como dia Nacional da Consciência Negra. Em 1971, foi proposto que nessa data fosse comemorado o valor da comunidade negra e sua fundamental contribuição ao país.
O dia 20 de novembro se torna um dia para homenagear o líder na época dos quilombos. Fortalecendo mitos e referências históricas da cultura e trajetórias negra no Brasil e também trazer referências para lideranças atuais. Surge como uma iniciativa de gerar reflexão para as questões raciais no Brasil.
Em 2003, o Dia da Consciência Negra entrou no calendário escolar com a lei 10639/2003, que torna obrigatório o ensino de história e cultura afro brasileira nas escolas.
O primeiro estado a decretar feriado foi Alagoas, após isso diversos estados e mais de oitocentas cidades no país adotaram a causa e instituíram a celebração por meio de leis municipais e decretos estaduais.
Zumbi: Conhecido como o maior núcleo de resistência negra a escravidão no Brasil, o Quilombo dos Palmares teve como seu líder, Zumbi. O quilombo se estabeleceu em torno de 1600, a partir de africanos escravizados dos engenhos de açúcar da Zona da Mata nordestina. Estes se estabeleceram na Serra da Barriga, onde é hoje o município de União dos Palmares em Alagoas, e organizaram a comunidade que chegou a reunir mais de 30 mil pessoas.
Zumbi foi o último chefe do Quilombo dos Palmares que resistiu por quase vinte anos dos ataques portugueses.
Reconstrução da História Negra no Brasil
A história negra brasileira precisa ser reconstruída e reconhecida em todas as camadas da sociedade para a redução das desigualdades raciais no país.
Durante a semana da data, diversas atividades são realizadas como cursos, seminários, oficinas, audiências públicas e passeatas.
Porém, é necessário lembrar que não podemos olhar para a questão negra só no dia 20 de novembro (Dia da Consciência Negra). É preciso olharmos diariamente para possibilidades de recriarmos outra história para o Brasil, de inclusão de populações que foram excluídas da história.
A memória tem um papel fundamental na formação social de um país. A importância dessa data está relacionada a resguardar a memória de um grupo, colaborando para a identidade coletiva. A memória coletiva gera uma adesão afetiva e uma identificação com a construção dos fatos e personagens que compõem a sociedade, originando um sentimento de pertencimento. Conhecendo e entendendo o que fomos no passado, podemos transformar o futuro.
Texto reproduzido em partes.
Redação final: José Edson Narciso Gonçalves DRT/MS 038